A pesca artesanal em Santa Catarina é capaz de produzir e comercializar anualmente, entre 40 a 70 mil toneladas de alimento, gerando movimentações econômicas e contribuições às demandas nutricionais das populações costeiras. Embora superlativo em quantidades, o valor econômico e nutricional desse resultado ainda é pouco perceptível à sociedade catarinense. Além disso, a produção de alimentos costeiros pode estar vulnerável às ameaças das mudanças climáticas, uma vez que pescadores artesanais vivem em localidades expostas a eventos climáticos extremos, eventos estes que dificultam suas operações embarcadas. Adicionalmente, a produtividade e a composição das capturas também são sensíveis às mudanças nos ecossistemas costeiros.
Diante desse cenário, o LEMA, em parceria com o LOQ (Laboratório da Oceanografia Química da UNIVALI), desenvolve o projeto “Alimentos Costeiros Importam: O valor econômico e nutricional dos produtos da pesca artesanal em Santa Catarina e sua vulnerabilidade diante das mudanças climáticas” (CHAMADA PÚBLICA FAPESC 21/2024 - PROGRAMA DE PESQUISA UNIVERSAL) com o intuito de:
a. Dimensionar e dar visibilidade ao valor do pescado capturado nas regiões costeiras de Santa Catarina sob a ótica econômica e das demandas nutricionais das populações costeiras e
b. Estimar a vulnerabilidade da produção desses benefícios diante da exposição da atividade pesqueira artesanal às mudanças climáticas no sul do Brasil.
O projeto está vinculado ao “Projeto de Monitoramento da Atividade Pesqueira no Estado de Santa Catarina – PMAP-SC” (UNIVALI) que provê acesso a uma base dados detalhada sobre a produção pesqueira artesanal nos últimos seis anos, e disponibiliza sua estrutura operacional para coleta de amostras em toda a região costeira. O projeto deverá compilar dados biológicos e nutricionais de 90 categorias de pescado, além de dados socioeconômicos, ambientais, e da atividade pesqueira em 35 municípios costeiros catarinenses. Serão estimadas as receitas da pesca artesanal, as frações da produção autoconsumidas e comercializadas dentro e fora das localidades, bem como os valores do benefício intangível de aporte nutricional do pescado costeiro. Será determinado o valor nutricional de cada espécie capturada a partir da análise dos teores de proteína, ácidos graxos (Ômega 3 e 6), minerais (cálcio, ferro, zinco, magnésio e selênio), vitaminas (A, D e do complexo B) e lipídios totais. Os benefícios econômicos e nutricionais do pescado costeiro serão consolidados por município e macrorregião da zona costeira. Por fim serão desenvolvidos índices de sensibilidade para espécies e municípios às mudanças climáticas, baseados em múltiplos critérios (biológicos, ecológicos, sociais, econômicos, geográficos, climáticos e outros) e aplicados para o cálculo de um indicador de vulnerabilidade da pesca artesanal, também consolidado por município e macrorregião.
O projeto inclui estratégias de comunicação social informando o que são os alimentos costeiros, quanto valem em termos econômicos e quanto suprem das demandas nutricionais dos municípios e macrorregiões, além das vulnerabilidades regionais da pesca às mudanças climáticas como subsídio a medidas de adaptação.
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